Há também a questão da produção integrada em si, que tem um manejo diferenciado

Produtor é seu próprio responsável técnico em morango certificado

Apoiou os produtores nas lavouras de Atibaia e Jarinu


Em um feito inédito do programa Brasil Certificado, o produtor e técnico agrícola José Carlos Maziero, de Atibaia, SP, foi o primeiro produtor certificado que foi seu próprio responsável técnico na safra de 2018, caso único no Brasil.

Maziero teve atuação intensa no início da implantação da Produção Integrada (PI) de Morango em São Paulo. Trabalhou como auxiliar do responsável técnico (RT) em uma das safras mais desafiadoras da história do morango: 2009. Nesta época, somente os engenheiros agrônomos podiam atuar como RTs.

O produtor fez o curso para obter habilitação técnica em dezembro 2011, assim que os técnicos agrícolas passaram a poder receber habilitação técnica. Além de apoiar os produtores nas lavouras de Atibaia e Jarinu, por diversas vezes foi instrutor das aulas práticas de auditoria no curso de Formação de Responsáveis Técnicos e Auditores da Produção Integrada de Morangos, que recebe engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas de todas as regiões produtoras do Brasil. José Carlos representou o grupo da PI Morango de São Paulo em Porto Alegre, RS, no Seminário Sistema de Produção Integrada Agropecuária: Brasil Certificado, apresentando a palestra "A PI Morango - desafios e oportunidades", na mesa redonda "Produtos comercializados com o Selo da Produção Integrada", que discutiu toda a questão do Brasil Certificado.

Maziero conta que a experiência de ser um Responsável Técnico e ao mesmo tempo um produtor foi muito interessante, pois tinha a visão dos dois lados. "As minhas ideias, às vezes, transcendiam as de um responsável técnico apenas ou de um produtor. Eu conseguia juntar bem a prática do dia a dia, pois minha família é tradicional produtora de morangos, produzimos desde 1969, com meu avô. Hoje carrego muito dessa tradição, dos primeiros manejos. Meus tios e meu pai me passavam muito do que era feito antigamente, todo aquele processo artesanal, que depois foi ficando empresarial, com toda a questão de boas práticas agrícolas, já que sou técnico agrícola de formação. Há também a questão da produção integrada em si, que tem um manejo diferenciado, priorizando o uso de métodos naturais. Então, alio tudo isso e tento fazer da melhor forma possível. A gente sabe que entre o feito e o perfeito, a gente fica com o feito. Sempre procuro, com bom senso, atender as normas, porém de um jeito que sabemos que não irá ficar apertado para o produtor rural".

"Na casa de embalagens, não fiz investimentos muito altos e foram ideias que passaram pela auditoria como soluções mesmo para os produtores", cita Maziero.

"Minha visão é um pouco diferente. Como sou meu responsável técnico, procuro estar com minha roça sempre bem cuidada. Diferente do responsável técnico que fala com o produtor e vai embora, eu estou ali me cobrando todo tempo e a todo momento, de fazer o melhor, uma boa toilette, um bom manejo de pragas e doenças. Afinal, eu vivo da roça e vivo das minhas recomendações, uma duplicidade. Se não for um bom responsável técnico, não terei uma boa roça e se não for um bom produtor, de que adianta um bom responsável técnico?"

A pesquisadora Fagoni Calegario, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) conta que no início do programa, lembra do José Carlos trazendo vários questionamentos para as aulas e reuniões. "Naquele tempo, ainda não era muito disseminado o uso de técnicas naturais para combater pragas e doenças na cultura do morangueiro. Zé Carlos sempre foi curioso e provocativo, buscando compreender a nova realidade da produção sustentável de morangos".

Algumas vezes, Fagoni acredita que ele até colocava as informações à prova, o que foi muito importante para o crescimento do grupo. "As pessoas precisam se questionar e mudar de hábitos quando são convencidas por argumentos técnicos. Por isso foi maravilhoso ver sua evolução. Hoje ele compreende e domina os procedimentos preconizados pelas normas, a ponto de ser um dos instrutores mais didáticos das capacitações para técnicos de todas as regiões produtoras do Brasil e representar o programa em importantes eventos nacionais. Além disso, seu perfil prático e direto traz sempre colaborações muito interessantes para as reuniões do Comitê Gestor da Produção Integrada de Morango de São Paulo".

Atualmente, Maziero trabalha na Prefeitura de Itatiba, onde procura levar a experiência desenvolvida nos municípios de Atibaia e Jarinu para essa cidade também.

No momento está apoiando na organização da Primeira Edição da Festa Agrícola de Itatiba 2019, que além do caráter técnico, tem o intuito de resgatar as tradições do homem do campo e também valorizá-lo. A produção integrada de morango será apresentada em mesa redonda como uma política pública de incentivo às boas práticas. "Como a prefeitura de Atibaia abraçou isso e transformou em política pública, a ideia é trazer essa sugestão para Itatiba", espera Maziero.

A Festa Agrícola de Itatiba será realizada de 24 e 25 de agosto, das 10 às 18h, no Parque da Juventude.

*Cristina Tordin - Embrapa Meio Ambiente 

Contatos para a imprensa: [email protected]Telefone: 19 3311 2608

Mais informações sobre o tema - Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) - www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

 

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