Tecnologias e maquinários serão apresentadas na 3ª Tecnovitis

Cultivares de uvas de mesa da Embrapa são opção para a diversificação

Manejo mais fácil, resistência a doenças, como o míldio e sabor diferenciado


Uma das apostas dos produtores para diversificar e aumentar a renda das pequenas propriedades está no plantio de uvas de mesa, pelo valor agregado da fruta e demanda crescente do mercado consumidor

Desde 2012, quando a Embrapa estava finalizando a validação das cultivares de uvas de mesa 'BRS Núbia', BRS Vitória' e 'BRS Isis', Adélia Silva Sales, engenheira agrônoma da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI, começou a trabalhar em conjunto com a empresa de pesquisa. Ela acompanha a expansão das cultivares na região de Palmeira d'Oeste (SP), que conta com cerca de 1400 pequenas propriedades, das quais 250 produzem uva. "No início, apenas dois produtores compraram 100 mudas das cultivares 'BRS Vitória' e 'BRS Núbia'. Hoje, já são mais de vinte produtores que estão produzindo as cultivares da Embrapa e a área só cresce", comenta ela.

Adélia destaca que muitos produtores estão trocando as cultivares tradicionais, como a Itália e a Benitaka, pelas cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil", coordenado pela Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves - RS), especialmente criadas para as condições brasileiras. Entre os diferenciais das novas uvas, Adélia cita o manejo mais fácil, a resistência a doenças, como o míldio, o sabor diferenciado e o mercado garantido, com valor elevado. "Depois de provar a 'BRS Vitória', por exemplo, você cria um novo padrão de consumo e deixa de gostar de todas as outras uvas. É difícil comprar outra", avalia.

Ela explica que o produtor aumenta sua rentabilidade, pois economiza com a mão de obra e com a redução de agroquímicos e, ainda, consegue um valor maior por quilo no momento da comercialização. Enquanto as uvas tradicionais são vendidas por R$ 3,50/kg, a 'BRS Vitória' chega a R$10,00/kg. Ela conta o caso do produtor Onivaldo Segantini, de Palmeira d'Oeste, um dos pioneiros na adoção das cultivares, que está muito satisfeito com as cultivares da Embrapa, pois pela primeira vez ele está ganhando dinheiro com a uva. "Com o lucro ele vai comprar uma caminhonete e entregar a uva direto para os consumidores, garantindo uma lucratividade ainda maior". Dessa forma, o produtor deixa de depender de atravessadores, responsáveis por comercializar a produção dos pequenos produtores.

Segundo a pesquisadora Patrícia Ritschel, uma das coordenadoras do Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil", o objetivo do trabalho é desenvolver novas cultivares de videira de acordo com os tradicionais polos produtores brasileiros. No caso das uvas de mesa, eles estão localizados nas regiões subtropicais e tropicais, como Petrolina-Juazeiro, Norte de Minas Gerais, São Paulo e Norte do Paraná. No entanto, em função do aumento da área de produção na Serra Gaúcha, que segundo dados da Emater/RS- Ascar, atualmente  se estende por 35 municípios, com uma área de cultivo de 425 ha, a equipe de pesquisa da Embrapa iniciou o desenvolvimento de ações de pesquisa para adaptar e desenvolver sistemas de manejo dessas cultivares, para qualificar e garantir uma boa produção de uvas de mesa também nas regiões de clima temperado.

"Desde 2016, estamos avaliando 16 cultivares e seleções de uvas, adaptando sistemas de manejo para elaborar e disponibilizar orientações técnicas para garantir que os viticultores de regiões de clima temperado também consigam uma boa qualidade e rentabilidade com a cultura", comenta Patrícia. Segundo a pesquisadora, quando comparada às uvas para processamento, a produção de uvas de mesa é mais exigente no manejo para melhoria da aparência do cacho e do sabor da uva. Na Serra Gaúcha, a possibilidade de ocorrência de chuvas durante a época da colheita é bastante alta, o que faz com que a utilização de cobertura plástica seja indispensável para garantir uma boa qualidade da fruta.

Maicol Venturin é um agricultor familiar da cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, que apostou nas cultivares da Embrapa pelo diferencial de serem sem sementes. Desde 2003, ano do lançamento dessas primeiras cultivares, ele planta com muito sucesso a 'BRS Clara'. "Ela é uma variedade precoce e consigo vender toda a minha safra. Com certeza, se eu tivesse mais produção também venderia", avalia ele, informando que está reorganizando a área de plantio para incrementar e diversificar ainda mais a produção. Mais recentemente, a família plantou as cultivares 'BRS Vitória' e 'BRS Isis' e está bastante satisfeita com, a excelente produtividade, além da ótima aceitação dos consumidores.

O Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil", conduzido desde 1977 pela Embrapa Uva e Vinho, já lançou 21 cultivares: dez para mesa, sete para suco e quatro para vinhos.  Saiba mais em: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/programa-uvas-do-brasil

 

*Embrapa Uva e Vinho - Viviane Zanella 

 

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