Unidade será instalada nas cidades de Araraquara e de Bebedouro/SP

Brasil ganha unidade de pesquisa para a citricultura

Cadeia gera mais de 220 mil empregos diretos e, somente em São Paulo, há mais de 7.500 propriedades citrícolas


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o  Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e a Fundação de Pesquisas Agroindustriais de Bebedouro (Fupab) assinaram, nesta quarta-feira, 3 de junho, acordo de cooperação para criar uma Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia para a citricultura (UMIPTT Cinturão Citrícola). A unidade será instalada nas cidades de Araraquara e de Bebedouro, no Estado de São Paulo.

"É uma localização privilegiada para desenvolvimento das ações de pesquisa e de transferência de conhecimento e tecnologia, cobrindo todo o cinturão citrícola em um raio de 600 km, que representa 84% da produção brasileira de citros", explicou o presidente da Embrapa Sebastião Barbosa, sobre a região que abrange ainda parte dos estados de Minas Gerais e Paraná.  Entre os objetivos do novo centro de pesquisa está a busca de soluções para o controle da doença bacteriana huanglongbing (HLB ou greening), principal ameaça à sustentabilidade da cadeia de citros no Brasil. Além disso, a unidade desenvolverá outras pesquisas para controle de outras pragas e desafios ligados à cultura das frutas cítricas.

Doença afeta produção há 15 anos  -  De acordo com a Embrapa, há 15 anos foi registrado no Estado de São Paulo o primeiro caso de HLB e, mesmo com todos os esforços feitos por diferentes atores da cadeia neste período, a doença se disseminou de forma severa nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Como é uma doença de difícil controle e ainda sem uma tecnologia que possa estancar o seu desenvolvimento, a solução necessariamente precisa vir do investimento científico, informou a Embrapa.

"O maior enfrentamento que temos hoje pela frente está ligado à sustentabilidade e só por meio da cooperação mútua entre as instituições e a iniciativa privada é que conseguiremos encarar esse desafio e as exigências do mercado. A Embrapa é um parceiro que detém conhecimento, competência e, principalmente, heterogeneidade de ação. Estamos estabelecendo uma parceria que poderá servir de modelo depois para outras culturas", ressaltou Lourival Carmo Monaco, presidente da Fundecitrus.

Celso Moretti, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, frisou que cinco linhas de pesquisa foram priorizadas inicialmente para focar a atuação da UMIPTT Cinturão Citrícola. "Em comum acordo com a Fundecitrus, vamos direcionar nossos esforços em genética e biotecnologia de citros para buscar resistência a doenças e pragas e melhoria da qualidade dos frutos, inclusive para obtenção e desenvolvimento de transgênicos resistentes ou tolerantes ao HLB; citricultura de precisão e colheita mecanizada; sustentabilidade dos sistemas de produção; manejo integrado de pragas; e técnicas que garantam alta produtividade em um cenário de mudanças climáticas. São temas que representarão grandes avanços na fronteira do conhecimento da cadeia de citros", enfatizou.

Dois centros de pesquisa da Embrapa atuarão diretamente com os trabalhos da nova unidade: Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA) e Embrapa Instrumentação (São Carlos-SP).

A citricultura é uma das principais cadeias de valor do agronegócio brasileiro, ocupando atualmente a quinta posição em termos de valor da produção, atrás da soja, cana de açúcar, milho e café (IBGE 2016). Movimenta anualmente US$ 14 bilhões, dos quais aproximadamente US$ 2 bilhões somente em exportação de suco de laranja processado (concentrado e pasteurizado) com arrecadação de US$ 189 milhões em impostos.

A produção brasileira de laranja é a maior do mundo e responde por mais de 60% do total de suco produzido e 80% do mercado internacional. A cadeia gera mais de 220 mil empregos diretos e, somente em São Paulo, há mais de 7.500 propriedades citrícolas, das quais mais de 5.000 em cultivo familiar.

A citricultura empresarial responde pela maior área colhida e é hoje um dos segmentos com mais tecnologia do agronegócio mundial.

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