A manga também foi beneficiada pelo clima na região

Aumentam as exportações de frutas do Vale do São Francisco

Em relação ao ano passado, a manga teve um aumento de 32,6% em faturamento. A uva aumentou 62,7%


De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), de janeiro a outubro deste ano, a manga foi a fruta mais exportada, com volume de mais de 121 mil toneladas e US$ 127 milhões em faturamento. Deste montante, 92% da manga exportada saiu dos campos do Vale. O aumento em relação ao mesmo período do ano passado foi de 32,6% a mais em faturamento e 41,6% em volume.

Outra especialidade produzida no Vale do São Francisco e que é a menina dos olhos no mercado de exportação de frutas brasileiras é a uva de mesa. De janeiro a setembro, foram embarcadas 13 milhões de toneladas e US$ 31 milhões em faturamento, sendo o Vale responsável por 97% da produção. A variação da uva exportada em relação ao mesmo periodo de 2018 foi 62,7% maior em valor e aumentou 64% e, volume.

Para o fechamento de 2019, o diretor executivo da Abrafrutas, José Eduardo Brandão Costa, tem perspectivas positivas. "Como estamos no pico da safra e o último trimestre do ano é o período principal para exportação, acreditamos que 2019 deva fechar com superação em torno de 40% em valor e 50% em volume de manga. De uva, acredito que 60% tanto em valor quanto em volume".

Segundo ele, estes dois produtos de excelência do Polo do Vale estão no top 5 de frutas exportadas pelo Brasil, e a grande aceitação no exterior, principalmente em países da Europa, está entre as razões para o bom desempenho no mercado. "As frutas têm um diferencial de sabor, é uma área abençoada pelo sol, as condições de clima e solo favorecem demais, as furutas ganham um dulçor diferenciado", diz.

Costa explica que esse crescimento, no caso da uva, aconteceu porque no ano passado a safra não foi boa devido a problemas climáticos, mas que este ano, o clima ajudou e a produtividade, qualidade e exportações melhoraram. A manga também foi beneficiada pelo clima na região e teve aumento da demanda, segundo o diretor, e o Brasil seguiu com altas nas exportações, mesmo com a concorrência com o Peru, que vem produzindo frutas com excelência. 

2020 com boa produção e novos mercados - Segundo o diretor executivo da Abrafrutas, o ano que vem deve seguir próspero nos campos e nas negociações para exportação. Ele conta que o órgão já tem indicativos de que o clima favorável deva se manter no próximo ano, fazendo com que a produtividade e a qualidade das frutas seja a mesma. "O Brasil, através da associação e do governo, está trabalhando com a promoção das exportações, estamos mostrando a qualidade das frutas no mercado externo. Essa marca vem sendo trabalhada há 6 anos, principalmente na Europa, que compra 62% do que é exportado", afirma.

Paralelo a isso, existe outro fato que é a abertura de novos mercados. Costa conta quue a associação está tentando levar a uva para países da Ásia, como a Coreia do Sul, já na iminência de fechar acordo, e a China. "No próximo dia 13 o Brasil assina o acordo da exportação do melão para a China, que é um marco histórico, porque o Brasil é o primeiro país que vai exportar melão fresco para a China. E a próxima fruta que os chineses pedem, é a uva, e vamos trabalhar para fechar acordo", disse, otimista.

Gargalos internos e externos - Apesar da prosperidade na produção e dos negócios com o mercado externo, Costa explica que ainda existem alguns problemas que precisam de solução para que o Brasil permaneça com a importância que tem na exportação de frutas.

Internamente, ele comenda que a organização dos portos e aeroportos para exportação hoje é um dos gargalos. Cerca de 90% das exportações são feitas por via marítima e 10% aérea, massão recorrentes o problema com a emissão de certificados de forma ágil, e a razão, apontada por Costa, é a falta de fiscais federais agropecuários nos portos e aeroportos. "Como o produto é perecível, isso prejudica, reduz a lucratividade do produtor e gera prejuízos desnecessários.

Outro ponto explicado por ele, é que o Brasil anda esbarrando no arrocho da Europa em relação aos resíduos de agroquímicos nos produtos. "A Europa está cada ano mais reduzindo o limite de resídos nas frutas, o que nos obriga a ser cada vez mais sistemáticos com a produção. Paralelo a isso, vários países estão banindo muitos agroquímicos com moléculas antigas", explica. Segundo Costa, já existem moléculas novas no mundo para substituir estes agroquímicos. "Elas geram menor dano, o problema é que aqui no Brasil, a média de tempo que a gente demora para registrar essa molécula é 7 anos. A gente está perdendo competitividade com países concorrentes por causa disso, como o Peru, por exemplo, demora 18 meses, em média, para fazer o registro" diz. 

Fruticultura e melhoria na qualidade de vida - Na última quarta-feira (06) uma audiência pública no Senado com a Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) debateu a importância da fruticultura como instrumento de desenvolvimento regional. Segundo Costa, representantes da Abrafrutas estiveram na reunião, além de da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), dos produtores do Vale do São Francisco, do governo chinês e dos ministérios da Economia e da Agricultura e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Costa afirma que a associação mostrou um estudo na ocasião que mostra um aumento significativo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região onde a fruticultura se instala. "A realidade da população que vive na região do Polo Produtor do Vale do Rio São Francisco mudou com a fruticultura, de acordo com o estudo Relevância Socieconômica da Fruticultura Brasileira, feito pela Abrafrutas", conta. Segundo ele, em Petrolina e Juazeiro, há cerca de uma década, o IDH era de 0,47 e 0,39%, respectivamente. Hoje, Petrolina tem IDH de 0,69, e Juazeiro, de 0,67, variação de 48% e 71% a mais na qualidade de vida da população" explica. O diretor executivo conta ainda que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica  (IBGE) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED),  a fruticultura é responsável por 16% da mão de obra do agronegócio no Brasil.

Produção de uvas em Jundiaí é prejudicada pela chuva

Apesar da produção bem-sucedida na região do Vale do Rio São Francisco, a realidade do vinicultor do município de Jundiaí, em São Paulo, é diferente. O prolongamento do clima de inverno e o atraso na chegada das chuvas atrapalhou a produtividade nos parreirais este ano.

De acordo com Anderson Alex Tomasetto, produtor de Jundiaí, do bairro Traviú, a chuva só chegou na região na última quarta-feira (06), mas tradicionalmente, as precipitações costumavam iniciar em meados de setembro e começo de outubro na região. "As uvas que foram podadas em julho/agosto foram muito prejudicadas. O cacho ficou menor, teve problema de rareamento e na florada por causa de muita seca e falta de umidade no ar", conta. 

"Os cachos que a gente deixou para podar mais tarde vão vir melhores porque vão pegar chuva durante a fase vegetativa, mas o que a gente já colheu e que vai ser vendido para as festividades de final de ano vai ser ruim", lamenta. A estimativa é que a produtividade da lavoura de Tomasetto seja 20% menor em relação ao ano passado.  De acordo com a Prefeitura de Jundiaí, existem atualmente no município aproximadamente 550 produtores que colhem de 25.000 a 30.000 toneladas por ano. A nota enviada informa que ainda não há previsão de perdas, mas que existe uma perspectiva de atraso na maturação do fruto. A uva mais produzida em Jundiaí é a Niagara rosada, com destinação ao mercado local, regional, nacional e Centrais de Abastecimento. *Notícias Agrícolas

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