O maracujá é uma fruta muito conhecida e muito consumida no Brasil. No ano de 2017, o país alcançou a marca de 554.598 toneladas produzidas, já a produtividade média é de 14 toneladas/ha/ano e, através de manejo, controle fitossanitário e escolha de cultivares resistentes, é possível obter até 50 toneladas/ha. Cultivado em todo o território, o maracujá tem destaque nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Pará. Metade da produção do país é destinada à produção de polpa e suco, e a outra metade, é comercializada ?in natura?.
O endurecimento dos frutos causado pelo Cowpea aphid-borne mosaic virus (CABMV) é a doença que causa mais danos ao cultivo e a mais disseminada no Brasil. Os sintomas desta doença incluem mosaico, deformação das folhas, bolhas e espessamento e endurecimento do pericarpo. Sintomas como estes e com muita severidade foram observados em maracujazeiros na Bahia nos últimos anos, diante disto, folhas sintomáticas foram coletadas nos municípios de Lençóis (Passiflora edulis, n= 14; P. alata, n= 3; P. cincinnata, n= 4) e Jussiape (P. edulis, n= 9), em 2015.
As amostras foram analisadas através de seu DNA e o resultado mostrou 22 sequências correspondentes ao CABMV, 5 outras com correspondência entre 85 a 98% com o Cucurbit aphid-borne yellows virus (CABYV). Mais testes foram realizados para confirmar a identidade do vírus e foram observadas semelhanças com um isolado da Itália e com um isolado de melão no Brasil.
O vírus CABYV teve incidência de 52% nas amostras provenientes do município de Lençóis e as três espécies de Passiflora do mesmo local foram infectadas com CABMV (8 P. edulis, 2 P. alata e 1 P. cincinnata). CABMV foi detectado em 91% das plantas e em 48% os dois vírus estavam presentes. Nas amostras de Jussiape, havia 11% de infecção por CABYV e 55% por CABMV e não foram identificadas infecções mistas.
O vírus CABYV já é conhecido por infectar cucurbitáceas, dentre outros hospedeiros, porém, este é o primeiro registro da espécie em maracujá. Tanto CABYV quanto CABMV têm como vetores os afídeos Aphis gossypii, conhecido como piolho-do-algodão e Myzus persicae, de nome comum pulgão-verde-claro, o que chama a atenção para a necessidade do controle desses organismos nas culturas.
É possível que a causa do aparecimento de sintomas mais severos no campo seja a infecção mista dos vírus. Mais estudos estão em andamento para a caracterização de isolado de CABYV em maracujá, seus hospedeiros alternativos e interações com o CABMV. *DefesaVegetal.Net
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