Máquina antigeada é instalada em pomar de maçã em São Joaquim
Equiipamento antigeada já é utilizado para proteger pomares em vários países, como Argentina, Chile, Nova Zelândia e Estados Unidos
As primeiras máquinas antigeada instaladas no Brasil estão em São Joaquim, na Serra Catarinense. As wind machines, também conhecidas como torres de ventilação antigeada, devem proteger os pomares de maçã das geadas tardias, que provocam grandes perdas na produção. Elas foram instaladas em agosto de 2018 e estão em fase de avaliação pelos fruticultores.
Uma delas está na propriedade do fruticultor Makoto Umeyma, na localidade de Morros Altos. "Tenho prejuízo com geadas tardias quase todos os anos, seja com perda das frutas, seja com redução da qualidade. Há bolsões de frio no meu pomar, em áreas de baixada, onde ocorre bastante geada. Decidi investir nessa máquina para reduzir os prejuízos", explica. A máquina antigeada é utilizada para proteger pomares em vários países, como Argentina, Chile, Nova Zelândia e Estados Unidos. "Quando fui para os Estados Unidos, há 30 anos, essa tecnologia já era usada nos pomares. Ano passado voltei para lá, visitei a fábrica e conversei com produtores que usam a máquina. Agora vamos acompanhar o desempenho dela aqui e, se funcionar, vou investir em mais uma", conta Makoto.
Deslocamento de ar - O equipamento é abastecido a óleo e produz vento de 34km/h com uma hélice, cobrindo uma área de até 6 hectares. O deslocamento do ar quente para baixo e do ar frio para cima impede a formação de geada de radiação, provocada por massas de ar frio em áreas de baixada. O equipamento é acionado automaticamente por sensores instalados no pomar quando a temperatura se aproxima dos 3°C.
Somando o valor da máquina, frete, impostos e instalação, Makoto investiu US$ 53 mil para ter a tecnologia em seu pomar, financiados em cinco anos. Embora o valor seja alto, quando se compara ao prejuízo que o produtor pode ter em uma safra, o investimento é vantajoso. "Se ocorrer uma geada mais grave que comprometa toda a produção nessa área, em um ano o equipamento se paga", disse o produtor.
Alternativa para produtores - A instalação dos equipamentos não teve envolvimento da Epagri, mas os técnicos da Empresa estão acompanhando os pomares para avaliar os resultados dessa inovação. "Vamos ver como a tecnologia vai responder às características aqui da região porque essa pode ser mais uma alternativa para os fruticultores protegerem suas plantas das geadas", diz Marcelo Cruz de Liz, gerente da Estação Experimental da Epagri de São Joaquim.
O engenheiro agrônomo explica que as geadas tardias ocorrem entre setembro e novembro, no início da brotação, na floração ou quando os frutos estão pequenos. Pomares localizados em áreas baixas são mais propensos a esse fenômeno. "As geadas tardias são comuns aqui na região, provocam perdas consideráveis e variam bastante de ano para ano. Já registramos perdas de 10% da safra, 30% e até 50%", relata. * (Publicado em Vol. 32, nº1, jan./abr. 2019)