Pomares com alta densidade podem atingir aumento de 50% na produtividade, ainda que o rendimento por planta diminua. Com esse rendimento, a técnica do adensamento se torna muito importante para o setor citrícola enfrentar os problemas atuais e manter a sustentabilidade do setor. A técnica do plantio adensado e as variedades de citros foram abordadas na palestra de Fernando Alves de Azevedo, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, durante a 41ª Semana da Citricultura. A apresentação ocorreu em 4 de junho de 2019, em Cordeirópolis, interior paulista
Segundo Azevedo, na redução do espaçamento entre as plantas tem-se melhor aproveitamento da área do pomar, possibilitando aumento notável da produtividade, sem prejuízos à qualidade dos frutos. "Para isso, é necessário um planejamento adequado que considere aspectos como combinações de copas e porta-enxertos, uso de irrigação e um nível técnico alto no sistema de produção", diz o pesquisador. Azevedo destaca a importância dos porta-enxertos ananicantes como um fator inerente ao aumento da densidade de plantas. "O porta-enxerto trifoliate Flying Dragon e os citrandarins, por exemplo, estão sendo usados em plantações de alta densidade", afirma.
O pesquisador do IAC relata que o Brasil ocupa posição de destaque entre os citricultores do mundo, mas encara desafios para manter a produtividade. Além disso, os problemas fitossanitários alarmam a indústria, questionando sua sustentabilidade. "Mesmo diante de adversidades, no entanto, a indústria cítrica brasileira é muito dinâmica e continua a sofrer mudanças nos padrões tecnológicos, incluindo a densidade de plantio", afirma Azevedo.
Outro aspecto da citricultura abordado foi o interesse de produtores brasileiros por novas variedades de limão. Essa demanda vem sendo impulsionada pela produção de óleos essenciais, que possui alto valor agregado. O tema tratado pelo doutorando do IAC, Rodrigo do Vale Ferreira.
A produção mundial de limão é destinada basicamente para o mercado de frutas frescas, preparo de bebidas, uso culinário, produção de suco concentrado, indústria de refrigerantes e alimentos e extração de óleos essenciais e pectina. O doutorando explica que as variedades cultivadas mundialmente provêm de três linhagens: Eureka, Lisboa e Femminello, sendo que as variedades Eureka, Lisboa, Femminello, Genova, Interdonato, Verna, Fino, Villafranca estão entre as mais cultivadas. "No Brasil, basicamente cultivam-se seleções do tipo Eureka, incluindo a variedade Siciliano IAC 262", diz Ferreira.
Embora as pesquisas tenham mostrado que variedades da linhagem Eureka apresentam incompatibilidade com trifoliatas, esses porta-enxertos vêm sendo utilizados para as demais linhagens. Em geral, além dos trifoliatas, são utilizados laranja Azeda, limão Cravo, tangerina Cleópatra e citranges.
O doutorando também abordou a pesquisa com a variedade Eureka km 47, estudos conduzidos pelo pesquisador do IAC, José Orlando de Figueiredo, que mostraram que Citrus pennivesiculata e tangerina Cleópatra apresentaram bom desempenho produtivo nas condições de Araraquara, no interior de São Paulo. Ferreira também discutiu sobre as variedades promissoras do Banco Ativo de Germoplasma (BAG Citros IAC). *Assessoria de imprensa IAC