Moscamed prepara pacote de tecnologias limpas para o combate às moscas-das-frutas
As moscas-das-frutas são consideradas uma das maiores pragas agrícolas no mundo
A Biofábrica Moscamed Brasil deu o primeiro passo para o registro de um pacote tecnológico para combate às moscas-das-frutas, junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), neste mês de outubro. Trata-se dos parasitoides Diachasmimorpha longicaudata e Fopius arisanus, usados em vários países para controle biológico de moscas-das-frutas dos gêneros Anastrepha, Bactrocera e Ceratitis.
A proposta da Moscamed é multiplicar os parasitóides em laboratório, liberá-los em campo para reduzir as populações das moscas-das-frutas. A tecnologia 'limpa' poderá ser utilizada em plantações comerciais e também por agricultores que desenvolvem a produção de frutos orgânicos no Vale do São Francisco (VSF), que por não fazerem uso do controle químico, os pomares podem funcionar como repositórios para a praga.
Os parasitóides, popularmente conhecidos como vespas, são inimigos naturais das moscas-das-frutas. Com o Diachasmimorpha longicaudata o processo acontece quando a fêmea da vespa introduz o ovipositor no interior do fruto e coloca seus ovos dentro do corpo da larva da mosca, surgindo uma nova vespa, que elimina a praga. Já as fêmeas do Fopius arisanus, detectam os ovos de moscas-das-frutas no interior dos frutos, dentro dos quais depositam seus ovos, de onde sairá também um novo parasitóide.
As moscas-das-frutas são consideradas uma das maiores pragas agrícolas no mundo. A praga tem preocupado os produtores do VSF, pois existe na região uma variedade de culturas hospedeiras dos insetos, que provoca perdas diretas em campo e o aumento no custo da produção. Os prejuízos somam 120 milhões de dólares por ano para a fruticultura brasileira e mais de 2 bilhões de dólares para a fruticultura mundial.
O Presidente da Moscamed Brasil, Jair Virgínio, explica que recentemente os governos baiano e pernambucano liberaram recursos financeiros para conduzir um programa de área ampla, empregando medidas para supressão da praga. Ele informa ainda que para o programa ter sucesso, é fundamental que haja tecnologias que contribuam para o controle da mosca-das-frutas em sistemas de produção orgânico.
A Moscamed considera que as vespas poderão ser usadas igualmente na região norte do Brasil, em programas fitossanitários de combate a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae). A mosca que afeta a carambola é uma praga quarentenária, ou seja, está presente em outros países ou regiões e mesmo sob controle permanente, constitui ameaça a economia agrícola do país ou região importadora.
De acordo com Virgínio, a nova tecnologia vem somar na luta contra os insetos. "Conjugados ao uso de machos estéreis, já registrados pela Moscamed, os parasitoides podem se tornar ferramentas importantes para o manejo de moscas-das-frutas em todo o Brasil, contribuindo para reduzir a pressão provocada por essa praga", concluiu Virginio.
O Projeto de registro, produção e comercialização das vespas é uma parceria entre a Moscamed e a Agropec.
Parasitoides - A pesquisa sobre a Diachasmimorpha longicaudata foi iniciada em 1994 em um projeto coordenado pelo Dr. Antônio Souza do Nascimento, da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas, BA. Já o parasitoide Fopius arisanus foi introduzido em 2012, em projeto coordenado pela Dra. Beatriz Paranhos, da Embrapa Semiárido, em Petrolina, PE.
Mais www.moscamed.org.br