Polinização natural otimiza produção e aumenta lucro do produtor rural
O projeto Polinizadores do Brasil - mapeou o impacto da polinização na agricultura e na segurança alimentar, que consequentemente influencia
Hoje, cerca de 75% da alimentação humana depende direta ou indiretamente de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização animal, cujo serviço gratuito, que está em risco de desaparecer, é estimado em US$ 12 bilhões/ano, somente nas principais culturas brasileiras (fonte USP). Ainda assim, 78% dos brasileiros desconhecem a importância da polinização para a produção de alimentos, segundo pesquisa inédita do IBOPE, encomendada pelo projeto.
Abordagens:
Papel fundamental da polinização para a segurança alimentar do Brasil, que, em alguns casos, pode aumentar em até 70% a produtividade agrícola;
- O risco do desaparecimento dos agentes polinizadores, que só no Brasil prestam um serviço gratuito estimado em mais de US$ 12 bilhões (Fonte USP), e sua substituição pela polinização humana;
- O papel da polinização natural para aumentar a produção agrícola e, consequentemente, o lucro do agricultor;
- O projeto Polinizadores do Brasil é a maior iniciativa já realizada no país sobre o assunto e reforça a importância da polinização para a segurança alimentar. Em parceria com instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade de São Paulo (USP) e diversas outras universidades, a rede de pesquisa fomentada pelo projeto estudou sete culturas agrícolas em mais de quinze estados brasileiros;
- Com coordenação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e do Ministério do Meio Ambiente, o projeto é parte de um esforço global para entender, conhecer e reconhecer o papel dos agentes polinizadores na produção agrícola, cujo serviço prestado mundialmente é estimado em US$ 350 bilhões;
- A iniciativa global também é realizada em outros seis países - África do Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia, com coordenação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês).
Projeto Polinizadores do Brasil
Realizado entre 2010 e 2015, com coordenação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e do Ministério do Meio Ambiente, o projeto Polinizadores do Brasil rendeu ao todo mais de 40 publicações, incluindo um plano de manejo para cada cultura estudada, com recomendações de práticas amigáveis aos polinizadores. Entre as conclusões, que comprovam a importância da polinização para o aumento da produção e a melhoria da qualidade final da colheita, vale destacar:
- Algodão: As flores polinizadas por abelhas apresentaram um aumento de 12% a 16% no peso da fibra e um incremento de 17% de sementes por fruto;
- Caju: Áreas de plantio distantes no máximo 1 km de reservas de matas, com maior visitação de polinizadores, apresentaram produtividade superior às áreas distantes mais que 2,5 km;
- Canola: A visitação de abelhas aumenta a produção de CANOLA de 17% a 30%;
- Castanha: Apenas 2,7% das flores manipuladas manualmente pelos pesquisadores geraram frutos, com índice de 75% de rejeição, enquanto as polinizadas por agentes naturais frutificaram em 10% com nenhuma rejeição observado após 70 dias;
- Maçã: O uso de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata), em conjunto com as abelhas africanizadas (Apis Melifera), registrou um aumento de 44% na produção de frutas e de 67% na produção de sementes;
- Melão: Nos testes realizados com a polinização adequada (uma colmeia de abelhas para cada 3 mil plantas) se constatou aumento de até 150% no número de visitas às flores, com um crescimento de até 15% na produtividade e 50% na qualidade do fruto;
- Tomate: Os tomateiros podem se autopolinizar, mas, com a visita de abelhas, a frutificação subiu até 12%, os tomates pesam até 41% a mais e geram 11% a mais de sementes.
Boas práticas agrícolas - Manter a vegetação natural próxima às roças, para dar abrigo e alimento às abelhas, e animais que ajudam a controlar as pragas; Recuperação do entornos de áreas de cultivo já existentes; Ter plantios consorciados com outras culturas, o que aumenta a oferta de alimentos para abelhas e insetos que ajudam no controle natural das pragas; Disponibilizar fontes de água para os polinizadores; Evitar práticas destrutivas aos ninhos dos polinizadores; Evitar o uso de agrotóxicos, que em alguns casos pode reduzir em mais de 80% o número de visitas dos agentes polinizadores às flores; Remoção de plantas competidoras por polinização.
Fontes sugeridas
- Vanina Zini Antunes de Mattos - Coordenadora do Projeto pelo Funbio
- Coordenadores da pesquisa em universidades federais e Empraba
- Agricultores participantes do projeto
Base de dados do projeto Polinizadores do Brasil - http://www.funbio.org.br/base-de-dados-polinizadores-do-brasil/