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Produtor estima perda de 80% da produção de uvas por causa da geada em Caxias

Há previsão de que temperaturas baixas se repitam na próxima madrugada


Foi com desalento que o produtor Pedro Gaiardo, 63 anos, percorreu o parreiral ao amanhecer deste sábado, na Linha 40, interior de Caxias do Sul. O agricultor estima que a geada tenha prejudicado cerca de 80% da produção. Gaiardo plantou uvas em quatro hectares e esperava colher 100 toneladas dos tipos niágara, isabel, seibel, moscato e de mesa.

Seu Pedro passou a manhã entre a plantação, mas sabe que há pouco a se fazer: "Eu fui olhar, mas fazer o quê"... O que eu vou colher não vai dar nem para as despesas. Nem as frutas plantadas sob uma cobertura plástica, planejada justamente para proteger de intempéries como a geada e o granizo, se salvaram. "Congelaram igual, queimaram igual" conta, desolado.

O cultivo da uva necessita de frio mas, segundo Olir Schiavenin presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, a geada desta madrugada foi prejudicial porque as parreiras estão em estágio de brotação avançado em relação a anos anteriores, provocado pelo calor atípico registrado em agosto. 
"O frio é normal para essa época, o que não foi normal foi o calor, que provocou a quebra da dormência antecipado, fazendo as parreiras brotarem antes de normal" ,  explica.
Conforme Schiavenim, ainda é cedo para dimensionar os estragos na região. Eles acrescenta que regiões onde geou mas houve formação de neblina, os danos podem ter sido menores. Segundo ele, a cerração ajuda a evitar que o frio queime a parreira.
Em Flores da Cunha há mais de 5 mil hectares de parreirais, e em Nova Pádua, entre 1,5 mil e 1,8 mil hectares, carro-chefe do setor primário nas duas cidades. Outras culturas, como  pêssego, ameixa, caqui e maçã, bastante produzidas na região, também podem ter sido afetadas.

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