Nove espécies de uvas serão cultivadas em Araçatuba
Desde maio, acontece em Araçatuba um programa de viticultura promovido pelo Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran)
O programa é composto por sete módulos e termina em dezembro. Os produtores já receberam orientações sobre a escolha da área, produção de mudas e implantação de vinhedo. O sistema adotado na propriedade-modelo, onde as aulas práticas são ministradas é o de parreira, também conhecido como latada. Trata-se de uma estrutura onde as videiras se apoiam em grades. Odenir Rossafa Garcia, instrutor do Senar, explica que a aceitação do programa entre os produtores foi muito positiva e, devido à demanda, foi necessário estabelecer alguns critérios para formar a primeira turma. "Estão participando as lideranças de bairro e de associações de produtores rurais. Nos próximos anos, vamos replicar o programa, para isso, teremos uma unidade-modelo, para mostrar os manejos e variedades", conta o instrutor. Neste ano, os participantes trabalharão com pelo menos nove variedades apropriadas para se desenvolver na região: centenial (sem semente), benitaka, itália, rubi, brasil, núbia, moscato, a red globe e niagara rosada.
Garcia explica que a safra da uva é anual e que cada pé produz em média 15 a 20 quilos da fruta. A área de implantação do vinhedo-modelo fica no bairro rural Córrego da Divisa, possui 940m² e será composta por 150 videiras. A expectativa é de uma produção superior a uma tonelada. Embora o custo de implantação seja alto, o especialista diz que é um investimento que se dilui ao longo dos 40 a 50 anos de vida útil produtiva de cada planta. O quilo da fruta pode ser vendido no atacado entre R$ 5 e R$ 6.
Próximos passos - As próximas aulas serão de 23 a 25 de agosto. O módulo será sobre manejo e tratos culturais. No último encontro, sobre a implantação do parreiral, realizado de 26 a 28 de julho, os participantes já realizaram o plantio de porta-enxerto. Daqui a quatro meses, eles estarão realizando o processo de garfagem, onde escolherão as variedades. O instrutor explica que o enxerto escolhido e mais apropriado é o IAC 572 Jales, desenvolvido pela Embrapa de Jales (Vinho e Uvas Jales), resistente à praga chamada Filoxicera.
Futuro - Cristiane Sakuma, que trabalha na propriedade rural da família, no bairro Água Limpa, está entusiasmada com a novidade e já tem planos com o cultivo. "É uma coisa nova pra gente, nosso conhecimento era mais sobre bananas, estou gostando da viticultura. Eu quis participar porque adoro a fruta e, como já fiz o programa do Senar de produção de orgânicos, quero aliar os aprendizados e ter uma plantação bem natural", disse Cristiane.
O foco do programa é a produção de uvas de mesa, para venda in natura e para grandes redes de supermercados. A maioria da fruta consumida na região, atualmente, vem do Paraná e Rio Grande do Sul. Para os próximos anos, a ideia é criar novas capacitações e difundir a cultura em toda a região. Quando houver uma produção razoável, também proporcionarão aprendizagem para agroindústria, para processamento de sucos e vinho.