Projeto se desenvolve desde 2013

Pesquisa da Epagri sobre uvas viníferas resistentes a doenças promete revolucionar mercado

Piwi é um termo alemão que caracteriza um grupo de variedades de uvas


Pesquisa da Epagri que testa uvas mais resistentes a doença para produção de vinhos finos de altitude. É um trabalho que promete revolucionar o setor, aumentando a sustentabilidade desta cadeia produtiva e reduzindo custos. 

A Estação Experimental da Epagri em Videira (EEV) colheu com sucesso mais uma safra de uvas Piwi, variedades resistentes a doenças que prometem revolucionar o mercado da uva no Brasil, especialmente para confecção de vinhos finos. Em breve os vitivinicultores catarinenses poderão contar com essas novas variedades em seus parreirais, diminuindo custos e impactos ambientais, preservando a saúde de quem lida com o cultivo e, consequentemente, elevando a sustentabilidade deste sistema produtivo.

Piwi é um termo alemão que caracteriza um grupo de variedades de uvas obtidas nos últimos anos via melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. O objetivo é reunir numa só planta a qualidade das viníferas e a resistência a doença das selvagens. "O grande diferencial desse grupo é que conseguimos, via tecnologia molecular, novas variedades com mais de 90% de sangue de vinífera e apenas o gene de resistência - já conhecido e mapeado - das selvagens", esclarece André Luiz Kulkamp de Souza, pesquisador em fitotecnia de plantas frutíferas da EEV. Ele conta que, em alguns países do mundo as uvas Piwi já são consideradas viníferas.

As uvas europeias de alto potencial enológico - como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Pinot Noir - são muito suscetíveis a doenças fúngicas quando cultivadas nas condições climáticas catarinenses. "A introdução e a criação de novas variedades adaptadas às condições locais de cultivo, resistentes ou tolerantes a estresses bióticos e com elevado potencial enológico, torna-se essencial na busca de um sistema de cultivo sustentável", justifica André.

"Após duas safras é possível identificar algumas variedades com potencial para o Estado, principalmente as brancas para fabricação de vinhos e espumantes. Isso por que elas são bastante produtivas, apresentam maturação adequada e vinhos com características interessantes, além da alta resistência ao míldio da videira, a principal doença da cultura", descreve o pesquisador da Epagri. Outro ponto que ele destaca é a diferença de características produtivas e enológicas da uva nos diferentes locais de Santa Catarina, provando que existem variedades que se adaptam melhor a cada condição de solo e clima.

O projeto Avaliação vitivinícola de genótipos de videira nas condições edafoclimáticas de Santa Catarina vem sendo desenvolvido desde 2013 pela Epagri, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apoio do Instituto Agrário de San Michele all'Adige, que fica na Itália, e do Instituto de Melhoramento Genético da Videira, da Alemanha. Desde 2015 novas variedades vêm sendo testadas em cinco regiões vitícolas de Santa Catarina com diferentes altitudes: Água Doce, com 1.300m; São Joaquim, com 1.100m; Curitibanos, com 900m; Videira, com 750m; Urussanga, com 49m.

O estudo está sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de SC (Fapesc), sendo parte do recurso oriundo do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura de Santa Catarina (Fundovitis). O projeto tem previsão de encerramento em 2020, mas cabe renovação. "A tendência é ser um projeto mais longo, devido a importância para Santa Catarina", finaliza o pesquisador.

Informações e entrevistas - André Luiz Kulkamp de Souza, pesquisador da Epagri, pelos fones (49) 3533-5627 / 3533-5600.

Informações para a imprensa: Gisele Dias, jornalista: (48) 3665-5147; Cinthia Andruchak Freitas, jornalista: (48) 3665-5344

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