Ciclo de brotação das frutas é alterado por último inverno
Pouco frio neste ano alterou o cultivo de frutas e diminuiu expectativa de colheita
As estripulias do último inverno no Rio Grande do Sul, com temperaturas superiores às esperadas para a época e poucos dias frios, provocaram problemas para o cultivo das frutas de clima temperado. Produtores de uva, maçã e pêssego admitem que a colheita será de 30% a 40% menor que a esperada. Como consequência da floração e da brotação precoces, o crescimento das frutas perdeu a uniformidade. Isso não deve afetar a qualidade, mas vai reduzir a quantidade da colheita, segundo avaliação dos agricultores.
"É um prejuízo que já está consolidado e não há o que o produtor possa fazer, a não ser esperar que nada mais de ruim aconteça", analisa Derli Bonine, assistente técnico regional da Emater em Lajeado. Neste momento, tempestades e queda de granizo são a maior preocupação, revela.
Redução da colheita do pêssego é estimada em 40 toneladas - Em razão da falta de frio, produção não deverá passar das 160 toneladas
Tradicional na zona Sul de Porto Alegre, o cultivo do pêssego de mesa foi prejudicado neste ano em razão da falta de frio. Em 2016, os produtores da Capital colheram 200 toneladas das variedades branca e amarela, consumidas essencialmente pelo mercado local. Os preços variaram entre R$ 3,50 e R$ 5,50 o quilo. Neste ano, avalia o assistente técnico do escritório municipal da Emater, Luis Paulo Vieira Ramos, a produção não deverá passar das 160 toneladas nos 20 hectares de pomares mantidos por oito produtores. As variedades da Capital necessitam de 150 a 250 horas de temperaturas abaixo de 10 graus Celsius, mas no inverno deste ano ocorreram menos de 100 horas.
A colheita já começou, mas se intensifica em novembro. "Algumas variedades realmente floresceram mais cedo", constata Ramos. "Isso atrapalhou o desenvolvimento delas e exigiu mais cuidados no manejo." O assistente técnico ressalta que, além da ausência do frio interferir no desenvolvimento das frutas, as temperaturas altas facilitam a proliferação de insetos, o que requer atenção redobrada do produtor com a proteção do pomar. Não é só o pêssego que sofreu com a temperatura. "Temos aqui na zona Sul (de Porto Alegre) também um pequeno cultivo de pera que será muito prejudicado pelo inverno atípico", acrescenta Ramos. *CP