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Mercados estagnados para frutas brasileiras

Presidente do IBRAF avalia que, para aumentar exportações de frutas, devemos buscar novos mercados


O IBRAF (Instituto Brasileiro de Frutas) divulgou, em setembro, o relatório de desempenho do comércio exterior de frutas, castanhas, nozes e derivados, com análise do Diretor Presidente da entidade, Moacyr Saraiva Fernandes. Segundo o documento, tivemos declínio de exportações, principalmente em decorrência de consições climáticas, que vêm prejudicando cultivos importantes, mas também por outros motivos como recuperação de preços no mercado interno, câmbio, crise e política econômica. Ele afirma, porém, que, para aumentar as exportações (principalmente de frutas frescas), devemos buscar acesso a novos mercados por meio de acordos fitossanitários e de livre comércio.

Nozes e Castanhas - As exportações de nozes e castanhas caíram 28,5% em volume no período acumulado de janeiro a agosto de 2016 quando comparadas ao ano anterior, embora tenham mostrado certa estabilidade em valor, crescendo apenas 1,8% em relação ao mesmo período de 2105, como reflexo especialmente da redução das exportações das Castanhas do Pará com casca. As importações, por outro lado, caíram 30,7% em volume e 23,0% em valor em relação ao mesmo período de 2015, o que se deveu, principalmente, às compras de castanha de caju usada como matéria prima.

Derivados de Frutas - As exportações de derivados de fruta também tiveram crescimento no período anual até agosto, tanto em volume (24,3%) quanto em valor (14,7%), por conta de doces, purês e pastas posicionadas, polpas/ purês semielaborados de goiaba, banana, manga e outras. As importações dessa categoria caíram 23,9% em volume e 34,1% em valor.

"Infelizmente o Brasil não exporta de forma representativa produtos desta categoria de maior valor agregado pronto para o consumo final", lamenta Moacyr Saraiva Fernandes em seu relatório, explicando que a balança comercial referente ao comércio exterior dos derivados de frutas homogeneizadas mostra um saldo positivo superior ao obtido em 2015.

Congeladas - Já as frutas congeladas tiveram uma movimentação bastante tímida: "exportarmos muito pouco", diz Ferreira: embora o período de janeiro a agosto tenha registrado aumento de 9,2% em volume, houve declínio em valor.

A balança comercial referente ao comércio exterior das frutas congeladas mostrou, no acumulado de janeiro a agosto de 2016, saldo negativo: o Brasil continua importando mais produtos desta categoria do que exportando, diante do que Ferreira explica que o "mix de exportação" desses produtos tem um valor unitário (dólar/t) maior que o do correspondente "mix de importação".

Conservadas Transitoriamente - Impróprias para consumo em trânsito, as exportações de "frutas conservadas transitoriamente" declinaram 7,2% em volume e 0,3% em valor, comparando a igual período de 2015, como "reflexo de diminuição de pedidos para tais produtos", analisa o especialista. Assim também ocorreu com as importações, que caíram 15,1% em volume e 20.5% em valor, principalmente por conta das cerejas conservadas transitoriamente, devido à recessão econômica e decorrente retração do mercado destes produtos.

Frutas em conserva aumentaram consideravelmente as exportações: 71% em volume e 35,7% em valor sobre igual período em 2015, com destaque para o amendoim e as preparações de abacaxi. O motivo , segundo Ferreira é que "a crise internacional de suprimento tem estimulado as exportações dos preparados conservados de abacaxi, assim como outros derivados". Também diminuímos as importações dessa categoria em 2016: 50% a menos em volume e 44 % em valor, reflexo da retração de mercado.

Frutas Frescas - Frutas frescas também caíram na exportação: menos 5,1% vendas, em volume, e 2,6% em valor. Neste caso, a situação refletiu principalmente da redução das exportações de melões, mamões, limão Taiti e maçãs. "O relativo aumento das exportações de melancia, laranjas e bananas não foi suficiente para reverter a tendência de declínio", comentou Moacyr Ferreira.

Enquanto isso, importamos mais frutas frescas no período de janeiro a agosto de 2016, chegando a 34,4% a mais do que em 2015 em volume, porém mantendo o valor praticamente estável 0,3% de aumento nas compras. "Isto é reflexo principalmente do notável aumento das importações de maçãs frescas para atender à demanda interna brasileira insatisfeita, devido à quebra de safra brasileira de 2016", explicou Ferreira, levantando uma curiosidade: "é difícil entender como houve no panorama atual de recessão um aumento das importações de kiwi, fruta cara (US$ 1360/t FOB), e para um consumo mais sofisticado".

Sucos de Frutas - As exportações de sucos de frutas evoluíram na base de 15,6% em volume comparando-se com igual período de 2015. Contudo, em valor as exportações sofreram uma redução de 0.2%. "Alguns analistas internacionais não acreditam em um aumento propriamente dito de vendas num mercado retraído, mas sim como uma tomada de posição dos exportadores de transferir parte de sues estoques para seus terminais europeus, uma vez que o custo de armazenamento é menor", avalia Ferreira. Já as importações de sucos de frutas não são representativas em relação às exportações. Contudo, o aumento apontado é devido exclusivamente a um aumento de exportações de suco de laranja integral pronto para beber, produzido na Argentina.

Desidratadas - Por fim, as frutas desidratadas cresceram no acumulado de janeiro a agosto, chegando a 27,7% em volume, apesar da expressiva queda de valor: 20,3%. Ainda assim, exportamos muito pouco dessa modalidade. Frutas desidratadas importadas também sofreram redução de 16,3% em volume e 11,6% em valor, um comportamento que Ferreira avalia ser reflexo da retração do mercado de alimentos no Brasil: "As frutas desidratadas são ingredientes-chave para muitos setores da nossa indústria alimentícia".

Segundo Moacyr Ferreira, existem algumas justificativas para o declínio das exportações, principalmente as de origem climática, que vêm prejudicando cultivos importantíssimos, como o do melão, mamão e, de forma gritante, este ano a maçã, e merecem estudos e pesquisas. Parte da queda das exportações tambem é creditada à baixa qualidade, à recuperação de preços no mercado interno, à tendência da valorização cambial do real e a outros fatores decorrentes de alguns aspectos da política fiscal e econômica, diz o especialista.

Ele afirma, porém, que não podemos deixar de reconhecer que, para aumentar as exportações (principalmente de frutas frescas), devemos ter acesso a novos mercados, pois os mercados atuais de destino das nossas frutas estão estáveis e, até mesmo, em declínio. "Esses mercados emergentes para a nossa fruticultura são exigentes, e acordos fitossanitários e de livre comércio devem ser feitos sem paternalismo e regionalismo", avalia, alertando que a nova dinâmica global do comércio das frutas exige extrema competência e comprometimento. Para solicitar o estudo completo, acesse o site do IBRAF  

* Guia Marítimo

 

 

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